06 julho 2010

Nos Trilhos de um domingo à noite

Dois meninos já homens, sentados no trem sonhavam imagens,
Seus cabelos eram loiros, nos rostos brilhavam estrelas,
Caiam de suas mentes pedaços do arco-íris.

No outro banco um homem forte desafiava a lei com um cigarro,
Não tinha dentes, mas a boca aberta representava o sorriso,
Do lado dele, seu companheiro de boteco,
O beiço seco nada falava,
Mantinha um sorriso infeliz,
Os olhos negros de noite sem lua estavam colados no teto do trem,
Era vermelho, estava de luto da camisa ao sapato.

Nos outros bancos havia figurantes,
Falavam constantemente,
Mas não consegui ler os lábios de suas palavras indecifráveis.

Os ferros, as engrenagens, o barulho dos freios e o contato da matéria,
Tudo em perfeita dissonância para dar verossimilhança à poesia.

E assim o trem furava o nada a caminho da casa de todos,
E assim é a viagem de trem num domingo à noite,
Cheia de personagens.

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