19 fevereiro 2011

O Roubo da Rosa

O Baobá organizava a fila no intervalo das aulas, com grande dificuldade tentava chamar a atenção das flores, cantava cantigas e derrubava suas folhas, no entanto, embora tenha feito tudo, a fila demorou a ficar reta. Quando tudo estava em ordem e as flores perfeitamente alinhadas como no jardim, um cravo correu em disparada, gritava com os olhos de uma pureza absoluta que era o mágico do espaço, cantava e pulava, vivia como só um cravo sabe viver. Mas o instante de explosão e euforia foi cortado, o Baobá encontrou-o quando já subia em uma grade, irritado com a desobediência, chamou pelo nome o mágico do espaço:
- Cravo!
Ele não dava atenção, com grande esforço tentava alcançar o fim da grade, onde tênue e virgem vicejava uma rosa. Suas forças se esgotaram quando estava para alcançá-la, ele caiu. Com a queda um ferimento no caule foi aberto, nada que o fizesse chorar. O Baobá levou-o puxando pelas pétalas até a diretoria. Chegando ao local onde as ordens são tomadas, ele encontrou um amigo chamado Lírio:
- Por que você está aqui?
- Tentei roubar uma rosa.

4 comentários:

Luis Carlos disse...

Lindo!!! Poético e espetacular.

binha disse...

ahhh , pelos deuses...suas letras me fazem te amar mais... =]

Samuel disse...

Hum... uma prosa poética irônica... excelente. Perceber a realidade é constatar que a nós só resta o bom humor e o sarcasmo e se tem ainda a estética melhor ainda.

Unknown disse...

Parabéns Elvis!!!
Simplesmente lindo!!!

Dyn.